O trajeto é longo; a viagem, cansativa. Transportar cargas por quilômetros a fio, de norte a sul do País, pode não parecer tão difícil àqueles que sentem no dia a dia o prazer de dirigir. Mas, para quem a estrada é local de trabalho, a preparação pré-jornada pode ser determinante para a segurança e o conforto do caminhoneiro. Detalhes que vão do sono à alimentação e que fazem a diferença na hora de subir na boleia e comandar o volante rumo a outro canto do Brasil.
A principal recomendação, segundo o chefe do Departamento de Medicina do Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues, é dormir no mínimo oito horas imediatamente antes de iniciar a jornada. Mesmo que o caminhoneiro vá pegar a estrada à noite, o ideal é evitar que haja fadiga entre o momento de acordar e o de dirigir. Por isso, o caminhão já deve estar carregado e preparado para a partida. "Se o motorista for esperar a carga, ele vai passar o dia estressado e já vai cansado para a viagem", explica Rodrigues.
A alimentação deve seguir a mesma linha de cuidados. O diretor da Abramet orienta os caminhoneiros a dar preferência a alimentos de fácil digestão. Saladas e carnes leves são boas opções, mas nada de ingerir comidas ricas em gorduras, frituras ou condimentos. As restrições também valem para quantidades grandes de carboidratos, que estimulam a produção de hormônio que aumenta a sensação de sono, e para bebidas alcoólicas. "O álcool permanece no organismo até 24 horas depois de ingerido. Ao beber, o risco de acidentes vai estar presente", alerta Rodrigues. Ele aponta também que as toxinas liberadas pela ingestão de álcool atrapalham o sono. "Não vai ser um sono repousante", diz o diretor da Abramet. Também é recomendado ter frutas na cabine como opção de um lanche saudável durante a jornada.
Quando o motorista já sabe que a viagem vai durar alguns dias, outra dica é programar as paradas na estrada para recarregar as energias. Além dos intervalos durante a jornada - 30 minutos a cada quatro horas, conforme a Lei dos Motoristas, ou 15 minutos a cada duas horas, como orienta a Abramet -, é preciso repousar novamente por no mínimo oito horas até voltar à estrada. O melhor, segundo Rodrigues, é buscar uma pousada ou um hotel com cama confortável e que o cômodo seja protegido da luz. "Não recomendamos dormir dentro do caminhão. A boleia é local de trabalho, não é local de repouso", ressalta.
Cartola - Agência de Conteúdo